domingo, 22 de março de 2009

Charles Darwin, 200 anos.


No Brasil e em muitos outros lugares já se vivia o clima de Carnaval. Já na comunidade científica comemoravam-se os 200 anos de nascimento do naturalista inglês Charles Darwin (12/2/1809-19/4/1882). Darwin é o responsável por uma das mais importantes e revolucionárias teorias da ciência moderna: A Teoria da Evolução das Espécies. Publicada em 1859 no livro “A Origem das Espécies”, esta tese defende a ideia de que há na natureza uma seleção natural dos seres mais aptos e uma eliminação dos menos dotados.
Como não poderia deixar de ser esta teoria causou muita polêmica e gerou as mais diversas reações.
A pesquisa
Charles Darwin viajou a bordo do navio HMS Beagle, que fazia a coleta de dados cartográficos para a marinha britânica. A viagem do Beagle durou quase cinco anos (1831-1836), sendo que Darwin passou parte deste período em terra firme. Durante a viagem – mesmo com períodos de estadia – Darwin pode coletar importantes informações que ele juntou a dados de pesquisas anteriores feitas por estudiosos de diversas áreas e que foram sedimentando as ideias sobre a evolução e a seleção natural das espécies. Ao final da viagem ele já havia se tornado importante no universo acadêmico graças à divulgação, por alguns amigos, de parte de suas ideias e de seus resumos.
A vigem a bordo do Beagle não foi fácil. Durante o percurso Charles Darwin sofreu de palpitações, vômitos e outros sintomas que por pouco não o fizeram desistir, mas ele manteve-se firme em seus propósitos científicos e concluiu a jornada, mesmo não recebendo nenhum pagamento por isto.
A divulgação dos resultados e as reações
Darwin demorou para publicar suas idéias. Em 1844 lançou o livro “Vestígios da História Natural da Criação”, que provocou reações adversas até mesmo em alguns de seus amigos (note-se que o título do livro ainda menciona a criação). Sabendo das possíveis reações que suas teorias iriam provocar ele decidiu ser cauteloso ao divulgá-las, porém com notícia de que Alfred Russel Wallace, trabalhava numa tese similar à sua, Darwin decidiu publicar em 1858 o resultado dos seus estudos em conjunto com os de Wallace. Como se previa a divulgação gerou reações que iam da incredulidade às mais grotescas charges e insultos. Tanto nos meios acadêmicos quanto na esfera religiosa a teoria da evolução encontrou adversários e gerou polêmica. Ao final do século XIX e, especialmente, no século XX é que as idéias de Darwin se tornaram a principal fonte explicação científica para o surgimento e a evolução das espécies de seres vivos do planeta. Mesmo hoje, ainda há rejeição às ideias darwinianas como por exemplo em certos lugares dos Estados Unidos onde o evolucionismo foi banido dos livros didáticos e das salas de aula.
Algumas curiosidades
Durante os quase cinco anos que duraram a viagem do Beagle, Darwin passou mais de um terço em terra firme, onde se hospedou e ate residiu por certo tempo em alguns lugares, entre eles, o Brasil (onde esteve em Fernando de Noronha, na Bahia e no Rio de Janeiro).
No Chile presenciou um terremoto.
Darwin fez observações geológicas afirmando que a massa terrestre da América estava se elevando.
Para fortalecer suas ideias sobre as mudanças que poderiam ocorrer em determinadas espécies animais Darwin conversava frequentemente com criadores de pombos e porcos.
A importância de Darwin
É difícil negar a importância dos estudos de Charles Darwin e sua contribuição para o conhecimento da humanidade. Só mesmo deixando de lado certos ranços e preconceitos podermos ter a clara noção da revolução provocada por suas teorias.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Minha pátria é minha língua

Você está escrevendo algo e de repente... aquela dúvida: como é que se escreve essa palavra? Se você estiver usando algum editor de texto talvez o corretor ortográfico dê um jeito e tire a sua dúvida mas, e se ele não estiver atualizado pelo Novo Acordo Ortográfico? Bom aí melhor consultar uma fonte mais segura. Mesmo assim ainda é possível que não seja tão simples resolver a questão pois a maioria das gramáticas e dicionários ainda não está atualizada.

Agora, se você está pensando que problemas com a escrita são exclusividade sua e de seus contemporâneos, enganou-se. Dificuldades com a língua não são novidades. As mudanças na gramática portuguesa já foram muitas e, por diversas vezes, as pessoas já se atrapalharam sobre a escrita correta de verbetes do seu idioma.

Do Tupi às primeiras reformas

Para começar o idioma mais falado nos primeiros tempos de colonização do Brasil , mesmo entre os lusos que se aventuraram a colonizar estas terras, não era o Português e sim do tronco linguístico (sem trema mesmo) Tupi. O próprio português que os reinóis usavam era bem diferente do atual, por exemplo palavras como céu e dói eram escritas assim: ceeo e dooe, sem contar que palavras de origem indígena, africana e até árabes foram incorporadas à língua da Terra Brasilis,. Na segunda metade do século XVI com o advento do renascimento as formas grega e romana da escrita de certas palavras é que estavam na moda e por isso uma mudança na grafia como por exemplo, philosophia e theatro (lembrou de farmácia com ph hein?).

O idioma nos séculos XIX e XX

Já no século XIX a escrita foi ficando mais aberta e simplificada necessitando para isso de reformas que se tornaram cada vez mais comuns. Mudanças aconteceram e foram revogadas ou ratificadas tanto em Portugal quanto no Brasil. Sendo que pequenas modificações foram acontecendo ao longo de décadas, como em 1945 quando foi assinado o Acordo Ortográfico Luso-Brasileiro, que não vigorou. As dificuldades de se criar uma ortografia simplificada continuaram, até que em 1986 no Rio de Janeiro, através de seus representantes, os sete países de língua portuguesa (Timor Leste, ainda não era independente) se reúnem e elaboram as Bases Analíticas da Ortografia Simplificada da Língua Portuguesa de 1945 (retomando o antigo acordo); Em 1990 o acordo de 1945 (ratificado em 1986), ganha uma nova versão. Em 1998 o acordo estabelece que é necessário que todos os membros da CPLP assinem para que as mudanças tenham validade.

Reformas do século XXI e perspectivas

Em 2004 surge o Primeiro Protocolo Modificativo do Acordo Ortográfico de Língua Portuguesa, que define ser necessário que apenas três países da CPLP assinem o acordo para que o mesmo tenha validade. O Brasil assina o acordo em 2006 e é seguido por Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. Em 2008 é a vez de Portugal assinar o acordo que é oficializado no Brasil.

O atual Acordo mostra um avanço no diálogo entre os países membros da CPLP e um fortalecimento do grupo diante dos novos desafios que a globalização sugere, além disso, é um revigoramento de um elemento cultural que é a língua, um dos aspectos unificadores desses sete países. Diante do processo globalização, as mudanças pelas quais o idioma português passa, são provas de sua vivacidade e de sua relevância.

Portanto mesmo que nos queixemos agora, já que toda mudança traz desconforto, temos muito a evoluir no futuro ainda mais globalizado.

Cabe perguntar: o Acordo Ortográfico é uma influência ou um sintoma do processo de globalização.

Finalizando, se como disse o poeta a pátria é a língua, então, graças ao novo acordo e à língua portuguesa, temos muitos conterrâneos em outros continentes.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Faroeste Caboclo, 70 anos da Morte de Lampião

A força volante não possuía muita experiência, porém, contava com um elemento que foi decisivo: o fator surpresa. O número de homens envolvidos, era relativamente pequeno, diante do tamanho do desafio que estava por vir. A missão era o sonho de diversos governos, coronéis e outros: prender ou executar Virgulino Ferreira, Lampião.


Naquela manhã de 28 de julho de 1938, o bando do maior líder do cangaço que o Nordeste conheceu, descansava tranqüilamente no seu esconderijo favorito – a gruta de Angicos - Sergipe. De repente um saraivada de balas e em pouco tempo tudo estava terminado. Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros mortos, outros fugiram e procuraram reorgarnizar o bando sob o comando de Corisco.

O ataque durou uns vinte minutos e poucos conseguiram escapar ao cerco e à morte. Dos 34 cangaceiros presentes, 11 morreram ali mesmo. Lampião foi um dos primeiros a morrer. Logo em seguida, Maria Bonita foi gravemente ferida. Alguns cangaceiros, transtornados pela morte inesperada do seu líder, conseguiram escapar. Bastante eufóricos com a vitória, os policiais saquearam e mutilaram os mortos. Roubaram todo o dinheiro, o ouro, e as jóias.

(VAINSENCHER, Semira Adler in http://www.fundaj.gov.br/notitia/servlet/newstorm.ns.presentation.NavigationServlet?publicationCode=16&pageCode=308&textCode=976&date=currentDate)


O Mito e a Cultura Popular

Com a morte Lampião e Maria Bonita terminava uma era. Durante cerca de vinte anos, este cangaceiro praticou os mais diversos tipos de crimes como saques, extorsões e assassinatos, também foi capaz de atos de generosidade e bondade para com os companheiros e pessoas humildes. O homem se foi; o mito, que já existia antes mesmo da mor permanece. A figura daquele sertanejo nascido em Serra Talhada – PE ainda hoje é fruto de estudos sendo talvez, o personagem mais biografado da História do Brasil. Diversas são as teorias a respeito deste homem e do movimento do cangaço, do qual Lampião tornou-se um ícone. Lampião já foi tratado como herói, como bandido e até como lenda.

Polêmicas não faltam nas narrativas e pesquisas sobre o fenômeno social do cangaço e Lampião. Há quem o compare com os atuais traficantes de drogas presentes nos grandes centros urbanos, outros tratam de Lampião de modo romântico vendo nele a figura de um “Robin Hood das Caatingas”, fato que deve-se a passagens pitorescas da vida do cangaceiro como o caso do assalto à casa da Baronesa de Água Branca - onde após o saque, Lampião e seu bando distribuíram o butim com diversas pessoas da comunidade - e há ainda, os que analisam os cangaceiros e Lampião como homens típicos do sertão de seu tempo que buscavam através da ação violenta, realizar seus objetivos de vingança pessoal ou de enriquecimento e alcançar uma espécie de status.

Há 70 anos, polêmicas são levantadas e discutidas, novos estudos e interpretações são feitas o que não muda é a força que a figura do cangaceiro possui no imaginário popular refletida em versos, músicas e xilogravuras.

Passados 70 anos da morte do mais famoso de todos cangaceiros o movimento do Cangaço e a figura de Lampião ainda permeiam a arte do nordestino e servem de mote para pesquisas e discussões, revelando a grandiosidade do tema. Acreditamos ser importante repensar o movimento do cangaço buscando interpretar suas raízes e conseqüências, bem como analisar o papel que este movimento desperta no imaginário popular nordestino.

Mais

http://www.fundaj.gov.br/notitia/servlet/newstorm.ns.presentation.NavigationServlet?publicationCode=16&pageCode=300&textCode=951&date=currentDate

comunidade O Cangaço: http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=387513

DÓRIA, Carlos Alberto O Cangaço. S. Paulo: Brasiliense, 1981 (Tudo É História, 6).
FACÓ, Rui. Cangaceiros e Fanáticos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972.
MACIEL, Frederico Bezerra. Lampião, seu tempo e seu reinado. Rio de Janeiro: Vozes Petrópolis, 1980. v.1 e v.2.
MELLO, Frederico Pernambuco. Guerreiros do sol: o banditismo no Nordeste do Brasil. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 1985.
MONTE NEGRO, Aberlardo F. Fanáticos e Cangaceiros. Fortaleza: Henriqueta Galeno, 1973.
Filmografia
O Cangaceiro
(Brasil, 1953)
Direção: Lima Barreto Elenco: Vanja Orico, Ricardo Campos, Adoniran Barbosa
Jesuino Brilhante , o Cangaceiro (Brasil, 1962)
Direção: William Gobert.
Lampião, o Rei do Cangaço (Brasil, 1963)
Direção: Carlos Coimbra. Elenco: Vanja Orico, Leonardo Villar, Dionísio Azevedo.
Maria Bonita, Rainha do Cangaço (Brasil, 1968) Direção: Miguel Borges. Elenco: Sônia Dutra, Milton Moraes, Jofre Soares.