segunda-feira, 16 de março de 2009

Minha pátria é minha língua

Você está escrevendo algo e de repente... aquela dúvida: como é que se escreve essa palavra? Se você estiver usando algum editor de texto talvez o corretor ortográfico dê um jeito e tire a sua dúvida mas, e se ele não estiver atualizado pelo Novo Acordo Ortográfico? Bom aí melhor consultar uma fonte mais segura. Mesmo assim ainda é possível que não seja tão simples resolver a questão pois a maioria das gramáticas e dicionários ainda não está atualizada.

Agora, se você está pensando que problemas com a escrita são exclusividade sua e de seus contemporâneos, enganou-se. Dificuldades com a língua não são novidades. As mudanças na gramática portuguesa já foram muitas e, por diversas vezes, as pessoas já se atrapalharam sobre a escrita correta de verbetes do seu idioma.

Do Tupi às primeiras reformas

Para começar o idioma mais falado nos primeiros tempos de colonização do Brasil , mesmo entre os lusos que se aventuraram a colonizar estas terras, não era o Português e sim do tronco linguístico (sem trema mesmo) Tupi. O próprio português que os reinóis usavam era bem diferente do atual, por exemplo palavras como céu e dói eram escritas assim: ceeo e dooe, sem contar que palavras de origem indígena, africana e até árabes foram incorporadas à língua da Terra Brasilis,. Na segunda metade do século XVI com o advento do renascimento as formas grega e romana da escrita de certas palavras é que estavam na moda e por isso uma mudança na grafia como por exemplo, philosophia e theatro (lembrou de farmácia com ph hein?).

O idioma nos séculos XIX e XX

Já no século XIX a escrita foi ficando mais aberta e simplificada necessitando para isso de reformas que se tornaram cada vez mais comuns. Mudanças aconteceram e foram revogadas ou ratificadas tanto em Portugal quanto no Brasil. Sendo que pequenas modificações foram acontecendo ao longo de décadas, como em 1945 quando foi assinado o Acordo Ortográfico Luso-Brasileiro, que não vigorou. As dificuldades de se criar uma ortografia simplificada continuaram, até que em 1986 no Rio de Janeiro, através de seus representantes, os sete países de língua portuguesa (Timor Leste, ainda não era independente) se reúnem e elaboram as Bases Analíticas da Ortografia Simplificada da Língua Portuguesa de 1945 (retomando o antigo acordo); Em 1990 o acordo de 1945 (ratificado em 1986), ganha uma nova versão. Em 1998 o acordo estabelece que é necessário que todos os membros da CPLP assinem para que as mudanças tenham validade.

Reformas do século XXI e perspectivas

Em 2004 surge o Primeiro Protocolo Modificativo do Acordo Ortográfico de Língua Portuguesa, que define ser necessário que apenas três países da CPLP assinem o acordo para que o mesmo tenha validade. O Brasil assina o acordo em 2006 e é seguido por Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. Em 2008 é a vez de Portugal assinar o acordo que é oficializado no Brasil.

O atual Acordo mostra um avanço no diálogo entre os países membros da CPLP e um fortalecimento do grupo diante dos novos desafios que a globalização sugere, além disso, é um revigoramento de um elemento cultural que é a língua, um dos aspectos unificadores desses sete países. Diante do processo globalização, as mudanças pelas quais o idioma português passa, são provas de sua vivacidade e de sua relevância.

Portanto mesmo que nos queixemos agora, já que toda mudança traz desconforto, temos muito a evoluir no futuro ainda mais globalizado.

Cabe perguntar: o Acordo Ortográfico é uma influência ou um sintoma do processo de globalização.

Finalizando, se como disse o poeta a pátria é a língua, então, graças ao novo acordo e à língua portuguesa, temos muitos conterrâneos em outros continentes.

Um comentário:

kelly chiabotto disse...

Sou formada em Letras, muito embora não trabalhe nesse campo profissional, sou uma apaixonada pela Língua e pela Literatura. Ontem me deparei com uma questão formulada por minha filha de nove anos: " Mãe, a professora mandou perguntar se você é contra ou a favor da reforma ortográfica". A príncipio fui contra mas, creio ter tido essa postura em virtude de " O novo apavora o que ainda não é mesmo velho", ou seja, mudançs trazem , num primeiro momento antipatia mas, quando olhamos com ar crítico desprovido de preconceito, percebemos ( ou não ) que a tal mudança trará benefícios( ou malefícios ) às nossas vidas. No caso da mudança ortográfica atual, creio que trará benefícios haja vista o fato de a globalização ja ter batido à nossa porta e mais, já estar sentada em nosso sofá.