Faroeste Caboclo, 70 anos da Morte de Lampião
A força volante não possuía muita experiência, porém, contava com um elemento que foi decisivo: o fator surpresa. O número de homens envolvidos, era relativamente pequeno, diante do tamanho do desafio que estava por vir. A missão era o sonho de diversos governos, coronéis e outros: prender ou executar Virgulino Ferreira, Lampião.
Naquela manhã de 28 de julho de 1938, o bando do maior líder do cangaço que o Nordeste conheceu, descansava tranqüilamente no seu esconderijo favorito – a gruta de Angicos - Sergipe. De repente um saraivada de balas e em pouco tempo tudo estava terminado. Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros mortos, outros fugiram e procuraram reorgarnizar o bando sob o comando de Corisco.
O ataque durou uns vinte minutos e poucos conseguiram escapar ao cerco e à morte. Dos 34 cangaceiros presentes, 11 morreram ali mesmo. Lampião foi um dos primeiros a morrer. Logo em seguida, Maria Bonita foi gravemente ferida. Alguns cangaceiros, transtornados pela morte inesperada do seu líder, conseguiram escapar. Bastante eufóricos com a vitória, os policiais saquearam e mutilaram os mortos. Roubaram todo o dinheiro, o ouro, e as jóias.
(VAINSENCHER, Semira Adler in http://www.fundaj.gov.br/notitia/servlet/newstorm.ns.presentation.NavigationServlet?publicationCode=16&pageCode=308&textCode=976&date=currentDate)
O Mito e a Cultura Popular
Com a morte Lampião e Maria Bonita terminava uma era. Durante cerca de vinte anos, este cangaceiro praticou os mais diversos tipos de crimes como saques, extorsões e assassinatos, também foi capaz de atos de generosidade e bondade para com os companheiros e pessoas humildes. O homem se foi; o mito, que já existia antes mesmo da mor permanece. A figura daquele sertanejo nascido
Polêmicas não faltam nas narrativas e pesquisas sobre o fenômeno social do cangaço e Lampião. Há quem o compare com os atuais traficantes de drogas presentes nos grandes centros urbanos, outros tratam de Lampião de modo romântico vendo nele a figura de um “Robin Hood das Caatingas”, fato que deve-se a passagens pitorescas da vida do cangaceiro como o caso do assalto à casa da Baronesa de Água Branca - onde após o saque, Lampião e seu bando distribuíram o butim com diversas pessoas da comunidade - e há ainda, os que analisam os cangaceiros e Lampião como homens típicos do sertão de seu tempo que buscavam através da ação violenta, realizar seus objetivos de vingança pessoal ou de enriquecimento e alcançar uma espécie de status.
Há 70 anos, polêmicas são levantadas e discutidas, novos estudos e interpretações são feitas o que não muda é a força que a figura do cangaceiro possui no imaginário popular refletida em versos, músicas e xilogravuras.
Passados 70 anos da morte do mais famoso de todos cangaceiros o movimento do Cangaço e a figura de Lampião ainda permeiam a arte do nordestino e servem de mote para pesquisas e discussões, revelando a grandiosidade do tema. Acreditamos ser importante repensar o movimento do cangaço buscando interpretar suas raízes e conseqüências, bem como analisar o papel que este movimento desperta no imaginário popular nordestino.
Mais
comunidade O Cangaço: http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=387513
DÓRIA, Carlos Alberto O Cangaço. S. Paulo: Brasiliense, 1981 (Tudo É História, 6).
FACÓ, Rui. Cangaceiros e Fanáticos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972.
MACIEL, Frederico Bezerra. Lampião, seu tempo e seu reinado. Rio de Janeiro: Vozes Petrópolis, 1980. v.1 e v.2.
MELLO, Frederico Pernambuco. Guerreiros do sol: o banditismo no Nordeste do Brasil. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 1985.
MONTE NEGRO, Aberlardo F. Fanáticos e Cangaceiros. Fortaleza: Henriqueta Galeno, 1973. Filmografia
O Cangaceiro (Brasil, 1953)
Direção: Lima Barreto Elenco: Vanja Orico, Ricardo Campos, Adoniran Barbosa
Jesuino Brilhante , o Cangaceiro (Brasil, 1962)
Direção: William Gobert.
Lampião, o Rei do Cangaço (Brasil, 1963)
Direção: Carlos Coimbra. Elenco: Vanja Orico, Leonardo Villar, Dionísio Azevedo.
Maria Bonita, Rainha do Cangaço (Brasil, 1968) Direção: Miguel Borges. Elenco: Sônia Dutra, Milton Moraes, Jofre Soares.