terça-feira, 22 de abril de 2008

22 de abril de 1500, há 508 anos os lusos chegavam e daí?


Antes da chegada da esquadra comandada pelo Almirante Pedro Álvares Cabral, não havia sequer um idéia de Brasil. Os povos que aqui habitavam constituíam um mosaico de diferentes línguas, tribos e costumes; unidade política era um conceito totalmente desconhecido por aqui. Isto já está bem demarcado na atual historiografia. Então passados 508 anos da chegada dos portugueses e diante de tantas interpretações será que ainda cabe questionar algo sobre o significado do 22 de abril na História Brasileira? A Invenção do Brasil Um fato que pode ser discutido ainda é o verdadeiro papel que tiveram os lusitanos na construção desta nação. Não devemos esquecer os seus planos coloniais de incluir esta parte do Novo Mundo em suas intenções mercantilistas. Seja cultivando o açúcar, desbravando os sertões e aprisionando índios com os bandeirantes, catequizando povos e destruindo culturas com os jesuítas, ou mesmo garimpando ouro nas Gerais; o domínio português na América, transformado em colônia é um projeto orientado pelos objetivos da metrópole (no caso Portugal). Projeto este, danoso aos que aqui já viviam antes dos europeus atravessarem o Atlântico. Mas é difícil negar que o Brasil nasce como uma invenção lusa, sustentado certamente nos braços e no sangue ameríndio e negro (dos africanos) que construíram também esta pátria em pé de igualdade com os patrícios. Não houve nobreza nas ambições portuguesas e tivemos grandes custos neste processo mas, ele foi o caldo que miscigenou e gerou este país, embora não tenha sido tão bem planejado como alguns o queriam. Um debate pertinente diante da data é se conseguimos suplantar o projeto português, superar de fato os ranços coloniais e nos lançarmos na construção de uma pátria brasileira. 500 depois, que sociedade possuímos? Para onde vamos? O projeto dos portugueses não é mais a tônica de nossa existência como nação. O povo brasileiro possui uma chance de construir uma nacionalidade dentro de novos paradigmas. Olhando o presente, vemos que o retrato que se desenha no Brasil da atualidade é singular e nebuloso. Por um lado temos algumas melhorias sociais e na qualidade de vida de nossa população e por outro, temos velhos problemas em evidência como a concentração de terras e os problemas agrários, uma educação carente e uma saúde pública deficitária, para mencionar apenas os mais conhecidos. Cabe aos brasileiros se questionarem sobre os significados que esta data traz e principalmente tomarem as rédeas da construção de um grande projeto nacional. Fica a questão: onde podemos chegar? Ou o que podemos nos tornar diante dos atuais desafios propostos na Aldeia Global?
Nota: Em tempo, cabe mencionar o nosso trabalho (de uma esforçada equipe) na pesquisa histórica e produção de um projeto a ser publicado através de panfletos, uma exposição e um vídeo sobre os 90 anos da Paróquia do Senhor Bom Jesus do Aflitos e São Miguel em Santa Cruz do Capibaribe.

REFERÊNCIAS:
BOFF, Leonardo. Depois de 500 anos: que Brasil queremos? Petrópolis, RJ:Vozes, 2000.
RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

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