domingo, 21 de fevereiro de 2010

Tecnohistória





Vendo o noticiário da tv , assisto à notícia que pesquisadores utilizaram um exame de DNA para tentar identificar a causa da morte do Faraó Tutâncamon. Recentemente, quando ocorreram protestos de estudantes e opositores do regime político do Irã, o Twitter foi um dos principais meios de transmissão de informações sobres os fatos. Para investigar tumbas e desvendar mistérios de povos que viveram há muito tempo, robôs-espiões, com microcâmeras, foram utilizados.

Novas Tecnologias e História

O leitor pode até achar que os fatos descritos acima não são mais do que normais e não produzem um impacto sobre o estudo da História que mereça receber algum destaque. Pois bem, além de percebermos que há uma relação entre os casos citados e outros casos semelhantes, com a tecnologia e com a História, também é possível analisarmos que a incorporação destas inovações aos estudos do passado mais que uma tendência em curso é uma profunda mudança na maneira de se narrar os acontecimentos e por extensão na própria Historiografia.
Por trás de todas as mudanças tecnológicas em curso se esconde uma revolução . Revolução esta que não se encontra apenas nas mídias ou nos laboratórios onde os textos são publicados e onde os exames são feitos. Ela está na própria maneira de se reinventar a narrativa histórica.
As novas mídias geram uma cultura típica da época contemporânea em que, a velocidade da informação e a maneira de se analisar os fatos ganham uma dimensão nunca vista. A internet e suas múltiplas possibilidades é um grande espelho disto. Tomemos o Youtube como referência. Os historiadores contemporâneos devem estar muito atentos ao que é veiculado no Youtube. Devem compreender que aquelas imagens além de poderem se converter numa importante fonte histórica, devem ser estudadas como um grande fenômeno cultural (logo histórico) da produção e difusão de saberes.

Mudanças à vista

Creio que a própria maneira como as narrativas históricas serão feitas passará por transformações, acompanhando as mudanças na cultura de produção e divulgação de conhecimentos. Se antes os papiros e pinturas das tumbas do Egito, ou pergaminhos foram meios muito eficazes de preservação de aspectos do passado, agora são os espaços virtuais, os laboratórios e outros os vetores da propagação de conhecimentos, capazes de confirmar ou negar uma teoria sustentada há muito tempo e até de modificar o que sabemos sobre o passado. Há uma parceira entre a História e as novas tecnologias que se mostra muito profícua e que nem é tão recente assim. Em outros tempos, a invenção ou o aperfeiçoamento da imprensa foi responsável por importantes conquistas no campo do saber e o rádio foi um grande salto de qualidade na transmissão de ideias; agora são os telejornais, os blogs, os exames de DNA e outros os principais construtores de um conhecimento mais amplo, sem que outras fontes mais tradicionais deixem de ser utilizadas. E claro, cremos que os historiadores não ficarão à margem do uso destas tecnologias e do estudo de seus reflexos no modo de vida e na cultura das sociedades. Acreditamos que eles não só farão uma grande utilização destes elementos como também tentarão compreender como este processo de difusão cultural influencia na sociedade. É um campo vasto que se revela para os estudos.
Só para que você leitor (caso possua um pouco mais de idade) compreenda melhor o que estamos dizendo , em seus tempos de escola, você seria capaz de imaginar que um dia estaria diante de uma tela de computador lendo um blog sobre História?