segunda-feira, 28 de julho de 2008

Faroeste Caboclo, 70 anos da Morte de Lampião

A força volante não possuía muita experiência, porém, contava com um elemento que foi decisivo: o fator surpresa. O número de homens envolvidos, era relativamente pequeno, diante do tamanho do desafio que estava por vir. A missão era o sonho de diversos governos, coronéis e outros: prender ou executar Virgulino Ferreira, Lampião.


Naquela manhã de 28 de julho de 1938, o bando do maior líder do cangaço que o Nordeste conheceu, descansava tranqüilamente no seu esconderijo favorito – a gruta de Angicos - Sergipe. De repente um saraivada de balas e em pouco tempo tudo estava terminado. Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros mortos, outros fugiram e procuraram reorgarnizar o bando sob o comando de Corisco.

O ataque durou uns vinte minutos e poucos conseguiram escapar ao cerco e à morte. Dos 34 cangaceiros presentes, 11 morreram ali mesmo. Lampião foi um dos primeiros a morrer. Logo em seguida, Maria Bonita foi gravemente ferida. Alguns cangaceiros, transtornados pela morte inesperada do seu líder, conseguiram escapar. Bastante eufóricos com a vitória, os policiais saquearam e mutilaram os mortos. Roubaram todo o dinheiro, o ouro, e as jóias.

(VAINSENCHER, Semira Adler in http://www.fundaj.gov.br/notitia/servlet/newstorm.ns.presentation.NavigationServlet?publicationCode=16&pageCode=308&textCode=976&date=currentDate)


O Mito e a Cultura Popular

Com a morte Lampião e Maria Bonita terminava uma era. Durante cerca de vinte anos, este cangaceiro praticou os mais diversos tipos de crimes como saques, extorsões e assassinatos, também foi capaz de atos de generosidade e bondade para com os companheiros e pessoas humildes. O homem se foi; o mito, que já existia antes mesmo da mor permanece. A figura daquele sertanejo nascido em Serra Talhada – PE ainda hoje é fruto de estudos sendo talvez, o personagem mais biografado da História do Brasil. Diversas são as teorias a respeito deste homem e do movimento do cangaço, do qual Lampião tornou-se um ícone. Lampião já foi tratado como herói, como bandido e até como lenda.

Polêmicas não faltam nas narrativas e pesquisas sobre o fenômeno social do cangaço e Lampião. Há quem o compare com os atuais traficantes de drogas presentes nos grandes centros urbanos, outros tratam de Lampião de modo romântico vendo nele a figura de um “Robin Hood das Caatingas”, fato que deve-se a passagens pitorescas da vida do cangaceiro como o caso do assalto à casa da Baronesa de Água Branca - onde após o saque, Lampião e seu bando distribuíram o butim com diversas pessoas da comunidade - e há ainda, os que analisam os cangaceiros e Lampião como homens típicos do sertão de seu tempo que buscavam através da ação violenta, realizar seus objetivos de vingança pessoal ou de enriquecimento e alcançar uma espécie de status.

Há 70 anos, polêmicas são levantadas e discutidas, novos estudos e interpretações são feitas o que não muda é a força que a figura do cangaceiro possui no imaginário popular refletida em versos, músicas e xilogravuras.

Passados 70 anos da morte do mais famoso de todos cangaceiros o movimento do Cangaço e a figura de Lampião ainda permeiam a arte do nordestino e servem de mote para pesquisas e discussões, revelando a grandiosidade do tema. Acreditamos ser importante repensar o movimento do cangaço buscando interpretar suas raízes e conseqüências, bem como analisar o papel que este movimento desperta no imaginário popular nordestino.

Mais

http://www.fundaj.gov.br/notitia/servlet/newstorm.ns.presentation.NavigationServlet?publicationCode=16&pageCode=300&textCode=951&date=currentDate

comunidade O Cangaço: http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=387513

DÓRIA, Carlos Alberto O Cangaço. S. Paulo: Brasiliense, 1981 (Tudo É História, 6).
FACÓ, Rui. Cangaceiros e Fanáticos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972.
MACIEL, Frederico Bezerra. Lampião, seu tempo e seu reinado. Rio de Janeiro: Vozes Petrópolis, 1980. v.1 e v.2.
MELLO, Frederico Pernambuco. Guerreiros do sol: o banditismo no Nordeste do Brasil. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 1985.
MONTE NEGRO, Aberlardo F. Fanáticos e Cangaceiros. Fortaleza: Henriqueta Galeno, 1973.
Filmografia
O Cangaceiro
(Brasil, 1953)
Direção: Lima Barreto Elenco: Vanja Orico, Ricardo Campos, Adoniran Barbosa
Jesuino Brilhante , o Cangaceiro (Brasil, 1962)
Direção: William Gobert.
Lampião, o Rei do Cangaço (Brasil, 1963)
Direção: Carlos Coimbra. Elenco: Vanja Orico, Leonardo Villar, Dionísio Azevedo.
Maria Bonita, Rainha do Cangaço (Brasil, 1968) Direção: Miguel Borges. Elenco: Sônia Dutra, Milton Moraes, Jofre Soares.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

219 anos da Revolução Francesa


Hoje é uma daquelas datas que os que se dedicam ao estuda da História não podem deixar passar em branco: Dia do Aniversário da Revolução Francesa. Claro que não faço a linha dos que se apegam às datas, mas como este dia foi escolhido como data oficial não podemos desconsiderar isto.

O processo da Revolução não começou naquele 14 de julho de 1789, tampouco se extinguiu neste dia. No entanto, a tomada da Bastilha foi um marco significativo do processo revolucionário. Por tudo isto é que fazemos este registro.


segunda-feira, 26 de maio de 2008


Foi lançado ontem (25/05/2008) o DVD Paróquia do Senhor Bom Jesus dos Aflitos e São Miguel 90 anos, Sua História Contada Por Seu Povo. O trabalho contou com a pesquisa dos Professores Erickson Barros e Jorge Subrinho Dantas e a produção de Gilberto Geraldo. O vídeo, que está baseado na História Oral e na pesquisa bibliográfica, foi uma realização da Paróquia do Senhor Bom Jesus dos Aflitos e São Miguel e uma produção de A Capital, Vídeo Produções.
No documentário de 42 min pessoas da comunidade, religiosos e outros falam da importância desta data, bem como do significado que a Igreja Católica possui na vida da comunidade de Santa Cruz do Capibaribe.
O DVD é resultado de um intenso trabalho que levou cerca de 05 meses para ser concluído e que contou com a contribuição de diversas pessoas, para quem fica o nosso agradecimento.

terça-feira, 22 de abril de 2008

22 de abril de 1500, há 508 anos os lusos chegavam e daí?


Antes da chegada da esquadra comandada pelo Almirante Pedro Álvares Cabral, não havia sequer um idéia de Brasil. Os povos que aqui habitavam constituíam um mosaico de diferentes línguas, tribos e costumes; unidade política era um conceito totalmente desconhecido por aqui. Isto já está bem demarcado na atual historiografia. Então passados 508 anos da chegada dos portugueses e diante de tantas interpretações será que ainda cabe questionar algo sobre o significado do 22 de abril na História Brasileira? A Invenção do Brasil Um fato que pode ser discutido ainda é o verdadeiro papel que tiveram os lusitanos na construção desta nação. Não devemos esquecer os seus planos coloniais de incluir esta parte do Novo Mundo em suas intenções mercantilistas. Seja cultivando o açúcar, desbravando os sertões e aprisionando índios com os bandeirantes, catequizando povos e destruindo culturas com os jesuítas, ou mesmo garimpando ouro nas Gerais; o domínio português na América, transformado em colônia é um projeto orientado pelos objetivos da metrópole (no caso Portugal). Projeto este, danoso aos que aqui já viviam antes dos europeus atravessarem o Atlântico. Mas é difícil negar que o Brasil nasce como uma invenção lusa, sustentado certamente nos braços e no sangue ameríndio e negro (dos africanos) que construíram também esta pátria em pé de igualdade com os patrícios. Não houve nobreza nas ambições portuguesas e tivemos grandes custos neste processo mas, ele foi o caldo que miscigenou e gerou este país, embora não tenha sido tão bem planejado como alguns o queriam. Um debate pertinente diante da data é se conseguimos suplantar o projeto português, superar de fato os ranços coloniais e nos lançarmos na construção de uma pátria brasileira. 500 depois, que sociedade possuímos? Para onde vamos? O projeto dos portugueses não é mais a tônica de nossa existência como nação. O povo brasileiro possui uma chance de construir uma nacionalidade dentro de novos paradigmas. Olhando o presente, vemos que o retrato que se desenha no Brasil da atualidade é singular e nebuloso. Por um lado temos algumas melhorias sociais e na qualidade de vida de nossa população e por outro, temos velhos problemas em evidência como a concentração de terras e os problemas agrários, uma educação carente e uma saúde pública deficitária, para mencionar apenas os mais conhecidos. Cabe aos brasileiros se questionarem sobre os significados que esta data traz e principalmente tomarem as rédeas da construção de um grande projeto nacional. Fica a questão: onde podemos chegar? Ou o que podemos nos tornar diante dos atuais desafios propostos na Aldeia Global?
Nota: Em tempo, cabe mencionar o nosso trabalho (de uma esforçada equipe) na pesquisa histórica e produção de um projeto a ser publicado através de panfletos, uma exposição e um vídeo sobre os 90 anos da Paróquia do Senhor Bom Jesus do Aflitos e São Miguel em Santa Cruz do Capibaribe.

REFERÊNCIAS:
BOFF, Leonardo. Depois de 500 anos: que Brasil queremos? Petrópolis, RJ:Vozes, 2000.
RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.